segunda-feira, 31 de maio de 2010

Pagode: uma influência dos africanos



A música pernambucana é composta por diversos ritmos. Frevo, maracatu, caboclinho, pagode são alguns dos gêneros musicais presentes na região. Depois de falarmos sobre o frevo e o maracatu, chegou a vez do pagode.



O pagode surgiu no final dos anos 70, no Rio de Janeiro. Suas músicas usam instrumentos como o cavaquinho, banjo e o pandeiro.



Antes de ser cantado pelo povo brasileiro, o ritmo já era utilizado pelos africanos que foram trazidos para o Brasil.



Este estilo musical é considerado um “filho” do samba. É devido a isso, que muitas de suas “batidas” lembram-no.



Ele foi dividido em três gerações: a primeira, nos anos 80, tendo como principais representantes cantores como Zeca Pagodinho e Jorge Aragão. Já a segunda, nos anos 90, é representada pelo Harmonia do Samba, Só Pra Contrariar, Molejo, dentre muitos outros. A terceira conta com Alexandre Pires, o antigo cantor do Só Pra Contrariar, Belo, do então Soweto, e Gustavo Lins.



Suas músicas tratam principalmente de temas amorosos, tais como relacionamentos que não deram certo, traições, saudade. Curiosamente, a maioria dos grupos ou cantores de pagode é do sexo masculino. Obviamente há algumas exceções.



Assim como no brega, os grupos de pagode são compostos por cantores e dançarinas com roupas sensuais. Como exemplo, temos o extinto grupo É o tchan!.



Apesar de ter sido originado no Sudeste, Pernambuco também possui grandes pagodeiros, como é o caso de João do Morro. Com músicas tratando de assuntos cotidianos e contando com um estilo afro-brasileiro, o cantor tem atraído fãs de todas as classes e idades.



O número de “adoradores do pagode” só tende a crescer. Prova disso é o fato de que, quase todos os dias, observamos o surgimentos de novos grupos “especializados” nesse ritmo.



por Juliana Regis

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O vídeo a seguir é o clipe da música "Eu não presto", e foi o primeiro videoclipe do cantor e compositor pernambucano João do Morro, contando com a participação de Conde, o "rei do brega". O clipe foi dirigido por Edmar Falcão e gravado no Bela Vista, no Alto Santa Terezinha.




João do Morro – amo ou odeio?



O que as pessoas não esperavam é que um simples morador do Morro da Conceição fosse fazer tanto sucesso. Para alguns, ele é o máximo. Para outros, uma droga, uma porcaria. Como se explica esse sucesso de João do Morro?



João tem 30 anos, e é filho de percussionista. Ele deu os primeiros passos aos 14 anos na Galeria do Ritmo, uma escola de samba na comunidade onde vive. Há menos de um ano, João formou a banda “João do Morro e os Cara”. O sucesso foi tanto que hoje ele é conhecido como o “Rei do Morro”, e espalhou suas músicas por todo o Recife através de rádios comunitárias e carrocinhas de CDs piratas.



No seu site, sua caracterização: “O antropólogo da periferia, o sociólogo do cotidiano brasileiro. Este é João do Morro, um sambista carismático, irreverente e debochado que tem conquistado um número cada vez maior de fãs e deslocado as críticas mais elogiosas da mídia especializada. Seja à frente dos maiores eventos de carnaval, em casas noturnas ou em shows para multidões a céu aberto, sua versatilidade e alegria contagiante ultrapassam quaisquer estereótipos.”



João do Morro é um cara de muita personalidade e não teve medo de mostrar toda sua ousadia na hora de fazer as músicas. Sem medo de mostrar o que realmente passa com a sociedade, ele fala de forma popular. Suas músicas falam de homossexualidade, alisamento de cabelos, mulheres interessadas em carona, celulares potentes – porém pré-pagos e outros temas.



O sucesso dele está sendo tão grande que recentemente foi gravado um curta digital com 20 minutos de duração chamado “Do Morro?”, que conta a história do cantor. O curta é bem interessante, pois não mostra apenas aquelas pessoas que adoram João e suas músicas, mas mostra também aquelas pessoas que acham tudo isso que ele faz um absurdo.



Ele foi tão ousado que está sendo processado pela ONG Movimento Gay Leões do Norte por ter feito a música Papa Frango, que ironiza os homossexuais (veja a música no clipe abaixo).





Gabrielle Buarque (Texto opinativo - Jornal e Novas Tecnologias)



segunda-feira, 24 de maio de 2010

Batucada ancestral



Surgido nos meados do século XVIII, o Maracatu é uma das maiores manifestações culturais presentes no estado de Pernambuco. Como grande parte da cultura popular brasileira, o Maracatu é uma miscelânea de tradições indígenas, africanas e européias. Poucos sabem, no entanto, a existência e diferença de dois tipos de Maracatu: o Nação, também conhecido como de Baque Virado, e o Rural, sinônimo do Baque Solto.

O primeiro, Maracatu Nação, baseava-se em cortejos que homenageavam, no período escravocrata, os Reis e Rainhas do Congo, lideranças políticas entre os escravos que faziam o intermédio dos africanos com o poder estatal português. Ao fim da escravidão, a atividade passa a figurar nos carnavais com assiduidade, tal qual outro fenômeno carnavalesco típico do estado: o frevo.


Entre os inúmeros personagens do Maracatu de Baque Virado estão o rei, a rainha, damas-de-honra, duque e duquesa, conde e condessa, porta-estandarte, batuqueiros, entre outros. A orquestra é toda composta por instrumentos de percussão.

O Maracatu Rural – de Baque Solto – é originário da segunda metade do século passado e diverge do Nação em, basicamente, três aspectos: nos personagens, no ritmo tocado e na organização dos participantes. É uma espécie de fusão de elementos dos vários festejos populares que vêm às ruas de cidades próximas aos engenhos de açúcar de Pernambuco, como Nazaré da Mata, Goiana e Timbaúba.


A ausência de Rei e Rainha democratiza o Maracatu de Baque Solto, que é composto principalmente por caboclos de lança, ícone da cultura pernambucana. Chocalhos, surdos, cuícas, trombones e outros instrumentos de sopro dão uma identidade própria a esse tipo de Maracatu.

Após beirar a decadência, os anos 90 “ressuscitaram” o Maracatu. O movimento Manguebeat, liderado por Chico Science, junto à criação do grupo Nação Pernambuco e as ações do Movimento Negro Unificado (MNU) levaram o gênero musical a patamares inimagináveis até então. Hoje a manifestação tomou proporções globais e grupos percussivos atuam não só em todo o Brasil, mas em países como Inglaterra, França, Japão, Alemanha, Estados Unidos e diversos outros
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por Alexandre Cunha
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O vídeo a seguir é o clipe da música "Maracatu Atômico", da banda Chico Science & Nação Zumbi, precursora do movimento Manguebeat que resgatou o maracatu para o cenário musical em todo o mundo.




Meu maracatu não pesa uma tonelada


Tambores ecoam uníssonos. A sinfonia das alfaias estremece as ondas sonoras que captam o ritmo no ar desconcertado. É maracatu. A ginga de sangue africano que desde a colônia portuguesa abrilhanta a musicalidade pernambucana. Passou uns tempos à surdina, quase morta, mas revivificou mais forte com o Manguebeat, alcançando continentes diversos antigamente intangíveis.


Morreu Chico, ficou a Nação Zumbi. Permaneceram inúmeras outras nações, baques soltos e virados, novos e velhos caboclos. Mas nos questionamos: o maracatu tem o espaço merecido na cultura regional? Será que as poucas apresentações durante o ano, principalmente na época carnavalesca, fazem jus à relevância do movimento para o país?

País esse, o do futuro, que parece tapar ou jogar fora suas raízes, plantando apenas o importado em latas. Não é de hoje que o Brasil desmerece figuras e fenômenos culturais cuja importância para a história e o entendimento do nosso povo é imprescindível. E a praga, infelizmente, espalhou-se até o nosso estado. Pernambuco simplesmente fecha os olhos – e ouvidos – para a genuína produção cultural da terra.


Cinema, teatro, artes plásticas, música; Recife é um efervescente pólo de diversificação de ideias e projetos. Comparando há algum tempo, a difusão de cultura na capital e por todo o estado é extremamente positiva, mas não suficiente. Indispensável analogia: a Bahia exporta o Axé. Ouvem muita coisa de fora, é claro, mas não relegam seus cantores e bandas a segundo plano.

Nosso estado faz isso. O maracatu, o frevo, a ciranda, todos os gêneros populares chegam (quando chegam) inadequadamente a quem interessa: o público. Não é uma mera questão de mercantilizar e transformar uma tradição ancestral em algo pop. Trata-se de expor, de reconhecer, conhecer e ter orgulho do que é feito por aqui, por nós mesmos. Talvez um dia, então, as cores dos caboclos de lança resplandeçam como devem ser: sem limites.


por Alexandre Cunha (texto opinativo - Jornal e Novas Tecnologias)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Frevo, um legado centenário




Frevo, um estilo pernambucano de carnaval, é uma das marcas da música pernambucana. É tipo de marchinha bastante acelerada efervescente (e daí vem a origem da palavra frevo: agitação, confusão, rebuliço, Isto é apertão nas reuniões de grande massa popular no seu vai-e-vem em direções opostas, como o Carnaval).


Este ritmo foi certamente uma criação de compositores de música ligeira feita para o carnaval. O compasso binário ou quaternário caracteriza o frevo, e isso irá depender da composição, de ritmo frequentemente sincopado, obrigando a movimentos que chegam a paroxismos frenéticos e lembram, por vezes, o delírio. É uma das músicas mais vivas e mais brejeiras do folclore brasileiro.


Surgido no Recife no final do Século XIX, o frevo é uma das criações mais originais dos mestiços da baixa classe média urbana brasileira, na sua maioria instrumentistas de bandas militares – tocadores de marchas e de dobrados, ou componentes de grupos especialistas em música de dança do fim do século XIX – tocadores de polcas, tangos, quadrilhas e maxixes.


Entre os principais tipos de frevo, estão 1) o frevo-de-rua, feito exclusivamente para ser dançado, já que há uma ausência completa de letra; 2) o frevo-de-bloco, executado por Orquestras de Pau e Corda e cujas letras e melodias são, muitas vezes interpretadas, por corais femininos; e 3) o frevo-canção, que é uma forma mais lenta de frevo, e tem vários aspectos semelhantes à marchinha carioca.


Um vespertino do Recife que mantinha uma detalhada seção carnavalesca da época, assinada pelo jornalista "Oswaldo Oliveira", na edição de 12 de fevereiro de 1907, fez a primeira referência ao ritmo, na reportagem sobre o ensaio do clube Empalhadores do Feitosa, do bairro do Hipódromo, que apresentava, entre outras músicas, uma denominada “o frevo”.


Em reconhecimento à importância do ritmo e a sua data de origem, em 9 de Fevereiro de 2007, a Prefeitura da Cidade do Recife comemorou os 100 anos do Frevo durante o carnaval de 2007.



Tharsis Kedsonni e Mariana Franca

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O vídeo abaixo mostra o programete "Acertando o Passo", exibido pela Rede Globo Nordeste, de Pernambuco, em fevereiro de 2007, durante os intervalos comerciais, em razão dos 100 anos do Frevo, tradicional ritmo do carnaval pernambucano.





Será que é possível reinventar o frevo?


No Dia 9 de fevereiro de 2007, o Recife comemorou os 100 anos do frevo, ritmo genuinamente pernambucano, que apesar de popular, só é tocado e cantado pela massa pernambucana nos dias de carnaval. O povo, agora, só ferve uma vez ao ano. Os frevos de bloco, com suas belas letras, retratam a identidade cultural pernambucana, suas conquistas e sua tradição.



Patrimônio imaterial brasileiro, o frevo representa a essência da boa música. Hoje, o frevo não é reconhecido – muitas vezes nem conhecido-, em boa parte do nosso país. Não há aquele sentimento com relação ao frevo como parte da música popular brasileira que muitos cultuam em relação ao samba, a bossa nova e a tantos outros ritmos. Os próprios pernambucanos ouvem mais samba que frevo. Por que será?



Se pararmos para analisar, o samba conseguiu transpor a barreira do carnaval e se reinventou musicalmente, junto com o surgimento de novos sambistas, adaptações de letras e o samba sendo ouvido nas rádios todos os dias. Será que é possível reinventar o frevo? Será que algum dia um número considerável de pernambucanos vai ouvir esse estilo musical todos os dias?



Na nossa ótica, o Maestro Forró está um passo à frente dos demais músicos. Ele consegue interagir com o público e fazer com que o povo vibre ao escutar um frevo. Até mesmo os frevos que não são tão “batidos”, como Vassourinhas, despertam uma fervura a mais nos pernambucanos, coisa que falta para voltarmos aos tempos áureos do frevo de rua e do frevo-canção, tão populares antigamente.



Mariana Franca -Texto opinativo (Jornal e Novas Tecnologias)

Leitores do Desafinados PE demonstram apatia em quiz sobre música

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42% dos votos do quiz sobre qual é a banda ou o cantor favorito dos leitores do Desafinados PE não foram para nenhum dos grupos ou cantores sugeridos pelo blog.


Ao todo, Lenine foi o que chegou mais perto, com apenas 21% dos votos. Maria Rita, Backstreet Boys, Mundo Livre S/A, Lady Gaga e Aviões do Forró receberam apenas um voto, enquanto o pernambucano João do Morro, a pop Beyoncé e cantor Justin Timberlake sequer receberam alguma menção. Por fim, 'Outros' receberam um total de seis dos 14 votos.


A pesquisa, portanto, definiu que, para os leitores do Desafinados PE, os gostos não têm nada a ver com o que foi colocado aqui.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Os novos contornos da música pernambucana

Apesar de ser composta por uma grande variedade musical, a música pernambucana não é devidamente reconhecida. As razões que corroboram esse fato são as mais diversas, desde a falta de investimento das grandes gravadoras nos novos talentos à falta de espaço na mídia nacional, abrangendo desde o hardcore ao maracatu de baque solto, rock, pop, frevo, caboclinho, urso, samba, baião, xote, entre outros.

Porém nem sempre foi assim. A partir dos anos 90, o manguebeat de Chico Science, Fred 04, Otto, Eddie, Devotos e Mestre Ambrósio atraiu os atenções da mídia para Pernambuco, onde a musica local ganhou uma nova visão por parte do público nacional.

Chico Science deu um salto com o surgimento do manguebeat, um ritmo criado por ele que traria uma grande revolução na música local. Ele e seus companheiros do Nação Zumbi “estouraram” com o seu batuque diferenciado, que era, na sua composição, uma mistura de maracatu, rock, hip hop e música eletrônica.

Entre os ícones que trouxeram uma nova revolução na música pernambucana, destaca-se Fred 04, vocalista e principal compositor do grupo pernambucano Mundo Livre S/A, um dos precursores do movimento musical manguebeat. Nos anos 80, descobre o punk rock e monta a banda “Trapaça”. Junto com amigos criaria a base do manguebeat, importante movimento musical brasileiro.

Já entre as bandas que também revolucionaram a história da música recente de Pernambuco, está o Mestre Ambrósio, uma banda recifense surgida no movimento manguebeat (na mesma vertente de Chico Science & Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e DJ Dolores). A banda tem base na música nordestina, como o Forró, Maracatu, Ciranda e outras. Suas letras são inspiradas na tradição popular e ainda tem um pouco de rock, jazz e música Árabe.

Foi através dessas bandas e desses ritmos musicais modernizados que a música pernambucana ganhou novos contornos. Essa geração musical estabeleceu uma nova era que se disseminou no contexto fonográfico pernambucano até os dias atuais, servindo de base musical para as bandas hodiernas.

A seguir, o vídeo da campanha "Viva o meu Pernambuco" da Globo Nordeste


Os descasos com a música pernambucana


A música pernambucana é um dos maiores atrativos da cultura local. Desde o mestre Luís Gonzaga e seu baião até o fenômeno do manguebeat, a nossa música local mexe com as tradições culturais através de manifestações de ritmos, acordes e danças.


Mas isso não significa dizer que os contornos da música de Pernambuco têm sido reverenciados como merecem. Os talentos e as originalidades dos músicos são segregados pelos interesses de um mercado cada vez mais capitalizado.


Pior, o público, seguindo as veredas dos produtos criados pela indústria fonográfica nacional e internacional, também não exalta as tradições da música pernambucana, preferindo valorizar elementos importados e/ou estereotipados, uma vez que compreendem tais elementos como sustentáculos de status.


Essa valorização do produto externo musical, criada pela crescente ‘colonização cultural’ imposta pelo mercado americano e europeu, faz com que a massa pernambucana se esqueça dos valores musicais locais, muitos dos quais são totalmente desconhecidos pela falta de divulgação por parte da mídia.


É partindo desse pressuposto que as bandas só conseguem tal sucesso apelando para a vulgarização rítmica e erotização melódica para agradar o público local. Isso é preocupante, já que, se não bastasse a má reputação cultural embutida na contexto musical, a única forma de se alavancar no mercado é fugindo totalmente das características tradicionais dos ritmos consagrados do nosso Estado.


Quando não parte para esse viés apelativo, os condutores da música pernambucana, para não perder o seu público, procuram se adaptar aos produtos exportados regionalizando as músicas estrangeiras. Um exemplo disso é a adaptação de letras de músicas de cantores consagrados no exterior para os seus ritmos, como é o caso da música "Crawling back to you", do grupo americano Backstreet Boys, abrasileirada pela dupla Luís Cláudio e Giuliano como "Olhe para nós dois".


Portanto, a música local ainda precisa ser divulgada e valorizada de forma justa, já que os valores culturais não merecem ser segregados por uma imposição de produtos importados. Além disso, a tradição dos ritmos locais é rica e explorável. Basta apenas ter mais visibilidade por parte da mídia, das bandas, das gravadoras e, principalmente, do público em geral.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Em construção

Em breve, conteúdos inéditos.