quarta-feira, 2 de junho de 2010

A MPB de Pernambuco


Pode-se dizer que a Música Popular Brasileira sempre existiu desde período colonial, a partir da misturas de vários estilos. Mas muitos estudiosos da MPB consideram que 1550 foi o ano de nascimento da música popular no Brasil, pois com a chegada dos portugueses às terras brasileiras e com a vinda de escravos africanos e outros povos houve uma mistura muito forte de culturas diferentes.


O que a maioria sabe é que a “verdadeira” MPB surgiu a partir de 1966, com a segunda geração da Bossa Nova, que consequentemente teve origem de vários estilos, como o chorinho, raízes do samba, as famosas marchinhas de carnaval entre outros.


Mas, na primeira metade da década de 1960, a Bossa Nova passou por transformações, e, a partir de uma nova geração de compositores, o movimento chegou ao fim na segunda metade daquela década.


Na prática, a sigla MPB anunciou uma fusão de dois movimentos musicais até então divergentes: a Bossa Nova e o engajamento folclórico dos Centros Populares de Cultura da União Nacional dos Estudantes, os primeiros defendendo a sofisticação musical, e os segundos, a fidelidade à música de raiz brasileira. No final, todos desejavam a mesma coisa, uma música genuinamente nacional.


Uma canção que marca o fim da Bossa Nova e o início da MPB, sendo uma mistura de todos os gêneros musicais até então existentes no Brasil, é “Arrastão”, de Vinícius de Moraes, um dos maiores compositores da Música Popular Brasileira.


Em Pernambuco, surgiu o frevo – originário das marchinhas de carnaval-, o baião e o xaxado, todos esses ritmos foram incorporados pelo maior representante da música popular do Nordeste, Luiz Gonzaga.


O Rei do Baião levou para as outras regiões o estilo MPB de Pernambuco, assim se misturando com outras vertentes de músicas populares, mas nunca perdendo sua raiz. Atualmente, temos um leque de artistas muitos diversificados que deram uma nova cara para a MPB Pernambucana, como Lenine, Alceu Valença, entre outros.


Por Alexandra Gappo


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Este vídeo é o clipe de Lenine cantando a música "É O Que Me Interessa", ao vivo, no programa Radiola na TV Cultura.



Sou de Pernambuco, eu sou o Leão do Norte!



Você conhece Osvaldo Lenine Macedo Pimentel? Mais conhecido como Lenine, ele nasceu em Recife, no dia 2 de fevereiro de 1959. É um brilhante cantor, maravilhoso compositor, superarranjador e músico brasileiro e, acima de tudo, pernambucano.



Como qualquer garoto apaixonado pela música, Lenine saiu de casa e foi morar no Rio de Janeiro, onde as oportunidades seriam melhores. Esse foi um passo muito grande para um menino tão novo, sem saber o que podia acontecer fora do seu “mundo”. Mas ele precisava arriscar, apostar todas as fichas.



Graças a essa ousadia, ele pode ser considerado um dos melhores cantores pernambucanos, consagrado por cantores bem mais velhos e que admiram o seu trabalho. O que Lenine não esperava é que tudo fosse tomar uma proporção tão grande. Hoje ele é conhecido no Brasil e no mundo.



Mas ele reconhece que para tudo isso foi preciso muito esforço e muita dedicação. Lógico! Essa é uma área muito delicada, pois você está lidando com o público, isto é, pessoas que podem aceitar ou não seu trabalho. Aonde Lenine chega é bem aceito, e os ingressos para os seus shows acabam em poucos dias.



De todos os CDs que ele já gravou, o mais importante para a carreira é “Olho de Peixe”, porque foi com ele que Lenine descobriu que a música poderia levá-lo a qualquer lugar. É um bom CD, mas, na minha visão, o melhor é “Lenine In Cite”, muito bem produzido, apesar de só ter percussão, baixo, violão e voz, é uma das melhores obras de Lenine.



Lenine produziu nove álbuns para todos os gostos. Aí fica a critério de cada um escolher o melhor álbum que Lenine fez. Eu sei o meu, você sabe o seu?



Álbuns



1983 – Baque Solto


1993 – Olho de Peixe


1997 – O Dia em que Faremos Contato


1999 – Na Pressão


2002 – Falange Canibal


2003 – Nova tiragem do CD Na Pressão


2004 – Lenine In Cite


2006 – Lenine Acústico MTV


2008 – Labiata


2009 – Lenine Perfil



Gabrielle Buarque (Texto opinativo – Novas Tecnologias)



"Eu faço música para os irrequietos como eu", afirma Lenine


O cantor Lenine participou de um documentário para mostrar como foi sua vida. Para divulgá-lo, ele e o diretor do filme foram até a França, onde conversaram com uma rádio francesa.



DESAFINADOS PE: Como foi atuar em “Continuação”?



LENINE: Eu nunca tive o desejo de protagonizar no cinema. Sempre imaginei fazer cinema, mas por trás das câmeras. Portanto, esse filme é um presente do Rodrigo(diretor do documentário).



DPE: Para compor suas músicas, de onde você tira se inspira? Você acredita que elas, de alguma forma, possam influenciar seus ouvintes?



L: Eu sou fruto de um caos de informação, e é natural que a minha música reflita essa questão caótica de influências de informações. Nunca, em momento nenhum, pensei em fazer nada mais que entreter as pessoas e fazer minha crônica. E é visível o que eu faço. Por isso que eu prefiro que a minha música seja sem partidarismo.



DPE: E você, Rodrigo, acha que a Bossa Nova continua a ser uma referência da música brasileira?



RODRIGO PINTO: Eu acho que de uma certa forma a Bossa Nova já não reflete a complexidade da musica brasileira há muito tempo. Hoje em dia, eu entendo a Bossa Nova muito mais como uma música de elite do que como uma música referencial para a produção brasileira.



DPE: Então, Lenine, você acredita que a produção da música brasileira, de qualidade, vai além do Rio e São Paulo?



L: Perfeito.Já não cabe mais aquela visão que nós tínhamos de que o Brasil era só dois pólos: Rio e São Paulo. Hoje a gente ta falando em termos de sete, oito, talvez nove capitais culturais. E todas elas com sua produção cultural e um público consumindo a sua produção.



DPE: Rodrigo, qual é a sua opinião a respeito da indústria musical brasileira?



RP: A nossa industrial não é muito desenvolvida. A forma como se espalha música no Brasil é muito desenvolvida, a pirataria no Brasil foi muito interessante.



DPE: O que te faz escrever músicas, Lenine? Quem é o seu público alvo? E por que você escolheu ser cantor?



L: O que eu faço é uma compulsão, é uma doença, eu não viveria sem. Pra quem eu faço? Pra todos os antenados, os que vivem irrequietos como eu. E por que eu faço? Eu faço porque acredito que o que eu faço tem haver com o que você faz: jornalismo, crônica e reportagem.



(Entrevista editada por Juliana Regis)

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Acompanhe esta entrevista na íntegra no vídeo abaixo



Curiosidades


A trilha do filme “A invenção do Brasil”, é a mesma da microssérie exibida, em abril de 2000, em 3 capítulos, pela Rede Globo.



Lenine teve seu som gravado por Elba Ramalho, sendo ela a primeira cantora de sucesso nacional a gravar uma música sua.



Produziu “Segundo” de Maria Rita. “De uns tempos pra cá” de Chico César. “Lonji” de Tcheka, cantor e compositor do Cabo Verde, e “Ponto Enredo” de Pedro Luis e a Parede.



Trabalhou em televisão com os diretores Guel Arraes e Jorge Furtado.



Em 2005, Lenine ganhou dois prêmios Grammy Latino: um pelo melhor disco de música brasileira contemporânea e outro pela melhor canção brasileira.



Em 2009, Lenine esteve com a música “Martelo Bigorna” na trilha sonora da novela da Rede Globo, Caminhos da Índias, sendo tema da vilã, a psicopata Yvone, interpretada por Letícia Sabatella.



A música “O Mundo”, do cantor Moska, contou com as participações especiais de: Lenine, Zeca Baleiro e Chico César, e foi tema da novela Cama de Gato.



A minissérie Cinquentinha, não teve trilha sonora comercializada, mas a música “Magra” foi bastante executada na trama.



Em 2010, está com uma música na abertura da novela “Passione”, da Rede Globo.



Informação tirada do Wikipédia.



Shows:



Junho 2010



Show Quito – Equador (09/06)


Show Brasília – DF (18/06)


Show Durban – África do Sul (20/06)


Show Johanesburgo – África do Sul (25/06)



Julho 2010



Show Santiago do Chile (02/07)


Show Amparo – SP (03/07)


Show Atibaia – SP (17/07)



Setembro 2010



Show HSBC – SP (18/09)



Entre no site: www.lenine.com.br


segunda-feira, 31 de maio de 2010

Pagode: uma influência dos africanos



A música pernambucana é composta por diversos ritmos. Frevo, maracatu, caboclinho, pagode são alguns dos gêneros musicais presentes na região. Depois de falarmos sobre o frevo e o maracatu, chegou a vez do pagode.



O pagode surgiu no final dos anos 70, no Rio de Janeiro. Suas músicas usam instrumentos como o cavaquinho, banjo e o pandeiro.



Antes de ser cantado pelo povo brasileiro, o ritmo já era utilizado pelos africanos que foram trazidos para o Brasil.



Este estilo musical é considerado um “filho” do samba. É devido a isso, que muitas de suas “batidas” lembram-no.



Ele foi dividido em três gerações: a primeira, nos anos 80, tendo como principais representantes cantores como Zeca Pagodinho e Jorge Aragão. Já a segunda, nos anos 90, é representada pelo Harmonia do Samba, Só Pra Contrariar, Molejo, dentre muitos outros. A terceira conta com Alexandre Pires, o antigo cantor do Só Pra Contrariar, Belo, do então Soweto, e Gustavo Lins.



Suas músicas tratam principalmente de temas amorosos, tais como relacionamentos que não deram certo, traições, saudade. Curiosamente, a maioria dos grupos ou cantores de pagode é do sexo masculino. Obviamente há algumas exceções.



Assim como no brega, os grupos de pagode são compostos por cantores e dançarinas com roupas sensuais. Como exemplo, temos o extinto grupo É o tchan!.



Apesar de ter sido originado no Sudeste, Pernambuco também possui grandes pagodeiros, como é o caso de João do Morro. Com músicas tratando de assuntos cotidianos e contando com um estilo afro-brasileiro, o cantor tem atraído fãs de todas as classes e idades.



O número de “adoradores do pagode” só tende a crescer. Prova disso é o fato de que, quase todos os dias, observamos o surgimentos de novos grupos “especializados” nesse ritmo.



por Juliana Regis

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O vídeo a seguir é o clipe da música "Eu não presto", e foi o primeiro videoclipe do cantor e compositor pernambucano João do Morro, contando com a participação de Conde, o "rei do brega". O clipe foi dirigido por Edmar Falcão e gravado no Bela Vista, no Alto Santa Terezinha.




João do Morro – amo ou odeio?



O que as pessoas não esperavam é que um simples morador do Morro da Conceição fosse fazer tanto sucesso. Para alguns, ele é o máximo. Para outros, uma droga, uma porcaria. Como se explica esse sucesso de João do Morro?



João tem 30 anos, e é filho de percussionista. Ele deu os primeiros passos aos 14 anos na Galeria do Ritmo, uma escola de samba na comunidade onde vive. Há menos de um ano, João formou a banda “João do Morro e os Cara”. O sucesso foi tanto que hoje ele é conhecido como o “Rei do Morro”, e espalhou suas músicas por todo o Recife através de rádios comunitárias e carrocinhas de CDs piratas.



No seu site, sua caracterização: “O antropólogo da periferia, o sociólogo do cotidiano brasileiro. Este é João do Morro, um sambista carismático, irreverente e debochado que tem conquistado um número cada vez maior de fãs e deslocado as críticas mais elogiosas da mídia especializada. Seja à frente dos maiores eventos de carnaval, em casas noturnas ou em shows para multidões a céu aberto, sua versatilidade e alegria contagiante ultrapassam quaisquer estereótipos.”



João do Morro é um cara de muita personalidade e não teve medo de mostrar toda sua ousadia na hora de fazer as músicas. Sem medo de mostrar o que realmente passa com a sociedade, ele fala de forma popular. Suas músicas falam de homossexualidade, alisamento de cabelos, mulheres interessadas em carona, celulares potentes – porém pré-pagos e outros temas.



O sucesso dele está sendo tão grande que recentemente foi gravado um curta digital com 20 minutos de duração chamado “Do Morro?”, que conta a história do cantor. O curta é bem interessante, pois não mostra apenas aquelas pessoas que adoram João e suas músicas, mas mostra também aquelas pessoas que acham tudo isso que ele faz um absurdo.



Ele foi tão ousado que está sendo processado pela ONG Movimento Gay Leões do Norte por ter feito a música Papa Frango, que ironiza os homossexuais (veja a música no clipe abaixo).





Gabrielle Buarque (Texto opinativo - Jornal e Novas Tecnologias)



segunda-feira, 24 de maio de 2010

Batucada ancestral



Surgido nos meados do século XVIII, o Maracatu é uma das maiores manifestações culturais presentes no estado de Pernambuco. Como grande parte da cultura popular brasileira, o Maracatu é uma miscelânea de tradições indígenas, africanas e européias. Poucos sabem, no entanto, a existência e diferença de dois tipos de Maracatu: o Nação, também conhecido como de Baque Virado, e o Rural, sinônimo do Baque Solto.

O primeiro, Maracatu Nação, baseava-se em cortejos que homenageavam, no período escravocrata, os Reis e Rainhas do Congo, lideranças políticas entre os escravos que faziam o intermédio dos africanos com o poder estatal português. Ao fim da escravidão, a atividade passa a figurar nos carnavais com assiduidade, tal qual outro fenômeno carnavalesco típico do estado: o frevo.


Entre os inúmeros personagens do Maracatu de Baque Virado estão o rei, a rainha, damas-de-honra, duque e duquesa, conde e condessa, porta-estandarte, batuqueiros, entre outros. A orquestra é toda composta por instrumentos de percussão.

O Maracatu Rural – de Baque Solto – é originário da segunda metade do século passado e diverge do Nação em, basicamente, três aspectos: nos personagens, no ritmo tocado e na organização dos participantes. É uma espécie de fusão de elementos dos vários festejos populares que vêm às ruas de cidades próximas aos engenhos de açúcar de Pernambuco, como Nazaré da Mata, Goiana e Timbaúba.


A ausência de Rei e Rainha democratiza o Maracatu de Baque Solto, que é composto principalmente por caboclos de lança, ícone da cultura pernambucana. Chocalhos, surdos, cuícas, trombones e outros instrumentos de sopro dão uma identidade própria a esse tipo de Maracatu.

Após beirar a decadência, os anos 90 “ressuscitaram” o Maracatu. O movimento Manguebeat, liderado por Chico Science, junto à criação do grupo Nação Pernambuco e as ações do Movimento Negro Unificado (MNU) levaram o gênero musical a patamares inimagináveis até então. Hoje a manifestação tomou proporções globais e grupos percussivos atuam não só em todo o Brasil, mas em países como Inglaterra, França, Japão, Alemanha, Estados Unidos e diversos outros
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por Alexandre Cunha
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O vídeo a seguir é o clipe da música "Maracatu Atômico", da banda Chico Science & Nação Zumbi, precursora do movimento Manguebeat que resgatou o maracatu para o cenário musical em todo o mundo.